24 de dezembro de 2024 às 10:47

Farsul apresentou balanço de 2024


Coletiva de imprensa trouxe a análise econômica e política do setor durante o ano

A Farsul realizou, no dia 16/12, na sede da entidade em Porto Alegre, coletiva de imprensa onde apresentou o balanço do ano de 2024 e as perspectivas do setor para 2025.

O Presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, iniciou a apresentação destacando a dificuldade climática enfrentada pelo Estado, que além da enchente de 2024, também sofreu com duas secas nos anos anteriores. Gedeão destacou os esforços feitos na área de irrigação e licenciamento ambiental para amenizar o impacto das secas, e os esforços feitos pela Farsul em negociar melhores condições para os produtores afetados pelo excesso de chuvas em maio. "Nós sempre fomos firmes nas negociações com o governo estadual, apresentando propostas contra o aumento de qualquer carga tributária", declarou.

"Também tivemos uma queda de braço forte com o governo federal, que não estava entendendo o que aconteceu no estado", disse Gedeão sobre a tentativa de importação e leilão do arroz logo após a enchente. "Discutimos muito sobre a não necessidade da importação, porque a produção foi absolutamente normal," disse o presidente, que destacou que a principal dúvida dos veículos de comunicação durante o momento inicial da enchente era com a segurança alimentar, já que o Rio Grande do Sul responde por 60% a 70% do fornecimento de arroz no Brasil.

Gedeão ainda mencionou o papel do Senar-RS no auxílio pós-enchente, através do programa Agro Solidário. "Usamos parte da verba que a CNA nos destinou para ajudar a colocar em pé a propriedade de pequenos e médios produtores, com limpeza de áreas, alimentação de rebanho, até mesmo para reequipar moradias que foram totalmente destruídas", destacou.

"Agora nesse final do ano ainda tivemos uma tentativa de retorno das invasões de terra", avisou Gedeão, que pontuou que o direito à propriedade é algo inquestionável para o setor.

 

Balanço econômico

O Economista-Chefe da Farsul, Antônio da Luz, iniciou a apresentação dos números do agronegócio gaúcho falando sobre a safra de grãos. Da Luz explicou que no relatório deste ano não foi possível trazer projeções para a safra. "Faz três anos que não temos uma safra direito. É nosso entendimento que, tecnicamente, traríamos dados prejudicados". Ele destacou que houve uma queda de 2,7% na área colhida, impactada diretamente pela enchente, mas que a produção total teve um aumento de 30%. "Nós sabemos que a área foi plantada, mas não podemos aferir qual a condição dessa área plantada, com qual nível tecnológico isso foi feito".

O economista ainda disse que, depois da destruição causada pelo excesso de chuvas, o Estado continua sob risco de perder produtividade por causa da falta da mesma, o que faz com que as questões de irrigação e licenciamento ambientais se tornem mais importantes ainda. "O estado está empobrecendo, o gaúcho está mais pobre, isso precisa ficar claro. Existe cada vez mais atratividade para fora daqui do que para aqui, e são essas estiagens que estão fazendo isso".

Da Luz destacou a região de Passo Fundo como um dos expoentes do setor no estado, onde a estabilidade da produção faz com que o PIB da área esteja altíssimo, descolado da média do RS. "Essa região já ultrapassou a região de Caxias do Sul. Uma colheita ruim na região de Passo Fundo é 45, 50 sacas, o que pra outras regiões é uma colheita muito boa".

"É importante destacar o papel do agro na arrecadação de impostos", disse o economista. Conforme o relatório, um quarto de toda a arrecadação do ICMS vem do setor. Antônio mostrou os dados levantados pela equipe econômica do impacto nessa arrecadação caso o leilão do arroz tivesse ocorrido. "Nós não temos nada contra a importação. Nosso problema é o governo comprar um produto inferior e vender por preço abaixo do nosso custo de produção", disse Da Luz, que apontou que isso geraria uma quebra no setor e na arrecadação do estado.

Antônio ainda falou sobre os financiamentos e negociações de dívida dos produtores com o governo federal. "Vão vir sérios problemas em 2025 porque essas soluções do governo não ficaram bem-feitas."

Quanto ao prognóstico do País, o economista destaca o alto nível de gastos do governo federal. "Nossos gastos superaram o da pandemia, com o detalhe que não estamos em uma. Ali na frente está a inflação, e com ela aumento de juros. E com taxa de juro lá em cima, isso começa a trazer dificuldade, a inviabilizar o setor", concluiu.

A expectativa da equipe econômica é que o crescimento do país para o ano que vem seja de 1,8%, com uma forte alta no primeiro trimestre sendo amenizada pelos resultados do segundo semestre. Para o Estado do Rio Grande do Sul, espera-se um crescimento de 2,2%.

- Emerson Foguinho / Divulgação Sistema Farsul

Fonte: CLIENT

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